"O silêncio de Dolores” se passa na região do Vale do Rio Doce, sertão de Minas Gerais. O pequeno lugarejo de Cuieté Velho é cortado por uma ferrovia usada para escoar a produção de minério ferro para exportação. O coronel Antônio Peçanha tem duas famílias, uma com sua esposa oficial e outra com uma amante. Essa situação é conhecida pela população local, mas nada é dito, nem comentado, em um silêncio acordado tacitamente pelas relações de poder que o coronel exerce. A amante, Maria Alice, vive em um pedaço de terra de Peçanha, com dois filhos. O representante de uma empresa mineradora insiste em comprar a terra onde ela vive e provoca um conflito econômico e passional ao mesmo tempo. Peçanha contrata um pistoleiro para matar Maria Alice, mas morre subitamente logo em seguida. O matador, Crispim, chega à cidade e procura a viúva, Dolores. Em pleno funeral, ele a questiona se deve ou não concluir o serviço para o qual foi contratado e pago para fazer. Enquanto Dolores não se pronuncia, a presença do sicário na cidade provoca uma série de tensões que mexem com as estruturas de poder do lugar. “O silêncio de Dolores” aborda resquícios do Brasil arcaico que perduram até hoje, em que muitos conflitos ainda são resolvidos de forma violenta, ao arrepio da lei.
Direção e Roteiro Rodrigo Siqueira
O silêncio de Dolores é o primeiro filme de ficção do diretor brasileiro que tem se notabilizado por produzir documentários de criação. Como a adaptação documental da tragédia Orestia (2015), de Ésquilo, para realidade brasileira; e o premiado Terra deu terra come (2010) – It’s All True, Dok Leipzig – uma fantasia documental sobre resquícios dialetais e de tradições fúnebres dos africanos escravizados no Brasil.
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